"A Crónica do Zé" - edição número 4

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A " Crónica do Zé " está de volta, depois de um mês de ausência. Nesta nova crónica vou tentar recompensar o que está em falta, falando sobre assuntos que vão desde o cinema á moda passando pela música e pela televisão. Antes de começar gostava de felicitar o Tiago Andrade, autor do Red Eye, pela sua nova rubrica “The Right Man” no blog “A Burguesa” e desejar-lhe muito sucesso.
 
Vivemos num pais onde a arte não é valorizada. Esta desvalorização do nosso talento advém não só dos responsáveis políticos e das leis que estes formulam mas também da nossa mentalidade diminuta. Nós, portugueses em geral, temos uma tendência enorme para desvalorizar o que é nosso e idolatrar o que é dos outros. Idolatramos o talento mediano fraco da Lana Del Rey e passamos ao lado de uma super talentosa Luísa Sobral. Eu próprio tenho tendência para fazer isso. Todo este discurso tem o intuito de introduzir este grande talento que é a Luísa Sobral. Lembrava-me dela dos Ídolos, ouvi um ou outro tema do seu novo disco na rádio quando este saiu, li uma entrevista sua e na altura pensei: " é mais uma a tentar ganhar uns trocos a brincar aos cantores". Ao longo do tempo fui dando conta que se calhar havia ali algo mais do que apenas a vontade de atingir a fama e num acaso do destino assisti inesperadamente a um concerto seu. Sem eu saber a Luísa Sobral era um dos nomes do palco secundário do festival Marés Vivas e acabei por assistir na primeira fila a sua actuação. Tornei-me fã (um verdadeiro fã), ela é um poço de talento, possui uma doçura e inocência incrível, tem uma sensibilidade para a música que é anormal e adapta músicas da Ágata e da Britney Spears de uma forma surpreendente. Aquele pequeno concerto fez-me acreditar que nós temos tanto, mas tanto talento em Portugal e a Luisa Sobral é o exemplo disso. Já comprei o seu CD "The cherry on my cake " e sugiro a todos que façam o mesmo porque está na hora de começarmos a valorizar mais o que é nosso. Ainda relativamente ao talento nacional, foi com orgulho que soube que o actor português Pêpê Rapazote irá integrar o elenco da série norte-americana Shameless produzida pela Showtime e que por cá pode ser acompanhada na Fox. Mais uma prova de que em Portugal há talento (o que falta é reconhecimento).

O meu maior destaque nesta crónica vai para o cinema. O ultimo capitulo da trilogia Batman com Christopher Nolan nos comandos chegou no inicio deste mês aos cinemas nacionais e eu recomendo vivamente uma ida ao cinema. Este é (para mim) o melhor filme deste século e digo isto com toda a sinceridade. Depois do sucesso megalómano que foi " O Cavaleiro das Trevas" (segundo filme da trilogia) onde Heath Ledger interpretou Joker, aquele que é considerado por muitos como o maior vilão da história do cinema, " O Cavaleiro das Trevas Renasce " apresenta-se como um excelente sucessor que encerra esta trilogia genial. O sucesso deste filme prende-se com o facto de este ser um filme de super-heróis totalmente distinto dos restantes onde o uso dos efeitos especiais é reduzido ao máximo e onde as emoções são privilegiadas, coisa que não acontece nos restantes. Em " O Cavaleiro das Trevas Renasce" temos um argumento incrivelmente surpreendente ( não me lembro de ser tão surpreendido num filme ), uma banda sonora magistral, uma realização de mestre e interpretações de fazerem cair o queixo. Anne Hathaway, Christian Bale, Joseph Gordon Lewitt, Michael Cane, Tom Hardy, Marion Cotillard, Gary Oldman e Morgan Freeman conduzem este filme com desempenhos extraordinários. Para saber mais sobre esta obra-prima veja uma das criticas aqui.
A moda, o cinema e a televisão têm vindo ao longo da história a demonstrar que é muito aquilo que os une. O novo perfume da Gucci é mais uma prova disso, a actriz Blake Lively da série Gossip Girl foi o rosto escolhido pela marca Gucci para protagonizar a campanha do seu novo perfume "Gucci Premiere". O video da campanha publicitária foi realizado pelo talentoso Nicholas Widing Refn, que realizou Drive e que irá apresentar em breve o seu novo filme - "Only God forgives" - também com Ryan Gosling como protagonista. O resultado final desta colaboração entre a Gucci, Lively e Refn está fantástico fazendo jus à beleza de Lively, à sofisticação da Gucci e ao talento de Refn.



As colecções de Alta Costura foram apresentadas à cerca de um mês em Paris e desde que acompanho as semanas de moda ( à cerca de 5 anos) esta foi no geral a semana de alta-costura mais aborrecida de sempre. Ellie Saab e Valentino não desiludiram, nem surpreenderam, simplesmente repetiram a fórmula, Chanel foi sonolento de tão desinteressante e repetitivo, e a única coisa que me fez lembrar que ainda há surpresas no mundo da moda foi a estreia de Raf Simmons na Dior. Era obvio que a marca ia sofrer uma mudança enorme com a entrada de Raf nos comandos criativos, sendo ele um designer que atingiu o seu ponto alto na carreira com a colecção de verão 2011 da Jil Sander com o minimalismo (quem não se lembrar daqueles saias compridas em tons forte conjugadas com t-shirts lisas brancas) e que para mim criou a sua melhor colecção de sempre na despedida da Jil Sander, não seria de esperar que o seu trabalho na Dior seguisse as linhas teatrais de Galliano. Deste modo, Simmoms rompeu por completo o legado de Galliano. Alterou o local do desfile, pôs Karlie Kloss de lado e apresentou num cenário pitoresco com paredes totalmente cobertas de flores e uma front row de meter inveja com nomes sonantes do cinema e da moda como Marion Corillard e Ricardo Tiscci a sua primeira colecção de Alta-Costura assim como a sua primeira colecção enquanto director criativo da Christian Dior. De facto, a escolha de Raf Simmons para ocupar o lugar que pertenceu a Galliano teve em muito a ver com a necessidade que o grupo que detém a marca teve em separar a moda do teatro numa altura em que a provocação já não é muito bem aceite. Esta nova atitude mais contida foi impulsionada por Phoebe Philo na Céline e desde então a moda nunca mais foi a mesma. No que diz respeito à colecção as opiniões dos críticos foram, no geral, satisfatórias. Na minha opinião, a colecção marca um inicio muito promissor, é contida, elegante e apesar de não ser teatral respeita os códigos da marca indo beber inspiração à própria vida de Christian Dior. Marion Cotillard, Rachel Weisz e Jessica Biel já usaram modelos desta colecção e todas se mostraram elegantes e à altura. De destacar Marion que ofuscou tudo e todos na estreia de " The Dark Knight Rises " em Londres de tão deslumbrante que estava.
Zé Oliveira
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