Antes demais obrigado por estarem desse lado e por estarem a ajudar com que este projecto cresça de dia para dia em plataformas como o facebook. Assim, é com o maior orgulho que vos apresento hoje uma entrevista que fiz à Marta F.Cardoso do blog Trend me too. A Marta é uma rapariga cool, com qual me identifico em vários aspectos e por isso decidi trazer um pouco dela para este espaço. Claro está que a entrevista não poderia ser algo convencional ou não fosse eu adepto da "Arte de ser random". Vamos lá!
The Redeye:
Antes
de tudo, gostaria que nos elucidasses acerca do teu percurso académico
e profissional de forma a entendermos as tuas raízes
e o que realmente fazes diariamente.
Marta F.Cardoso:
O meu percurso académico não foi fácil. Sempre fui uma pessoa curiosa por natureza e, devido à minha curiosidade, tive muita dificuldade em escolher a área pela qual deveria envergar. Creio que o nosso sistema de ensino nos corta as asas demasiado cedo, forçando-nos a uma restrição absolutamente desnecessária. Confesso que nunca funcionei bem dentro do âmbito escolar, apesar de ter sido sempre muito boa aluna. Gosto de aprender através da pesquisa, do erro, da leitura, da intersecção de ideias e do contacto com os outros. A escola nunca me possibilitou isso. Neste seguimento de ideias, quando chegou a hora de escolher um Curso Superior, pensei em mil possibilidades: Design, Arquitectura, Enfermagem, Veterinária, História de Arte, Bioquímica, … Esquece tudo isto. Acabei por me decidir por uma área que me permite juntar tudo num só. Numa semana posso pesquisar incessantemente por obras de Salvador Dalí, como na semana seguinte posso ler incansavelmente sobre a mixomatose nos coelhos. Como sempre gostei de escrever e de me expressar através do texto, considerei, na altura, que a melhor forma de partilhar conhecimentos seria através do Jornalismo. Contudo, não sou apologista de algumas práticas noticiosas, nomeadamente a difusão de informação tendenciosa e/ou falaciosa. Considero que é importante construir uma base de conhecimentos que, ao longo da vida, se vai enchendo. E se essa base transbordar é bom sinal, é sinal de que estás a construir a tua própria consciência do mundo, de ti mesmo e de todos os que te rodeiam. Por estes motivos, e porque sou uma pessoa muito fiel àquilo em que acredito, segui por uma vertente mais abrangente. Sou Licenciada em Ciências da Comunicação, com especialização em Comunicação e Cultura pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Terminei o Curso há relativamente pouco tempo. Em paralelo com a vida académica, tenho vindo a desenvolver um projecto em nome pessoal, o Trend me too, assim como tenho colaborado em diversas plataformas e com várias entidades relacionadas com a área da moda, que por si só é uma área muito vasta e extremamente eclética, factores que correspondem ao meu amor pela exploração de vários interesses. A moda permite-me exactamente isso, daí querer especializar-me e focar-me neste meio. O Trend me too iniciou-se em 2011, tinha eu 20 anos, e tem-se mantido até à actualidade, tendo sofrido diversas mutações pelo caminho, o que é natural, pois eu própria vou crescendo e evoluindo. A nível profissional, posso dizer-te que todo o meu trabalho é desenvolvido em regime de freelance e que, num dia normal, o que costumo fazer é verificar os e-mails, pesquisar artistas, designers, fotógrafos, manequins, beber bastante café, fumar, se calhar, em demasia, preparar entrevistas e editoriais e ser muito, muito, muito feliz.
The Redeye:
Pela análise do Trend me too podemos não só dizer que se trata de um blog como de toda uma plataforma que fornece a todos os leitores artigos com as “últimas” da indústria. De que forma gostarias que todos os artigos publicados fossem entendidos e tratados pelo público?
Marta F. Cardoso:
De forma livre. Livre de preconceitos, estigmas e estereótipos. O objectivo é proporcionar a quem nos visita um espaço onde se pode pensar, criticar e criar. É uma plataforma informativa que se rege por princípios de liberdade de pensamento e que visa à emancipação do pensamento crítico. Existem artigos noticiosos, de opinião, editoriais nos quais colaboro ou que conceptualizo, entrevistas a diversas pessoas da indústria e, acima de tudo, há a presença da noção de que toda a gente merece ser incluída e estar informada, fugindo à ideia elitista intrínseca e associada, irremediavelmente, à área da moda.
The Redeye:
Marta F.Cardoso:
Por acaso, considero que os uniformes do Pingo-Doce estão bastante bem conseguidos, isto num ponto de vista de puro marketing. Vê-se, à partida, que são fardas, têm as cores da marca e a identificação do Supermercado em questão. Acho que não existe uma necessidade de alteração. Mas, se tivesse de escolher realmente uma marca, partindo do pressuposto de que, num mundo ideal, poderia trabalhar com qualquer uma, talvez optasse por Pedro Pedro ou Ricardo Andrez. Os motivos são simples: são portugueses, eu adoro-os e creio que seria um bom desafio para ambos.
The Redeye:
Num contexto tão negro como neste momento a moda portuguesa atravessa em Portugal, que perspectivas tens para o futuro? De que forma a tua personalidade poderá se moldar ás necessidades do mercado nacional ou internacional?
Marta F.Cardoso:
Tenho as mesmas perspectivas que toda a gente tem, ou seja, nenhumas. Como costumo dizer, só um louco é louco o suficiente para fazer planos. A realidade do dia de hoje é diferente daquilo que foi ontem e totalmente inesperada no dia de amanhã. Por isso, perspectivar ou expectar são dois verbos que, a meu ver, deveriam cair em desuso, assim como o verbo desistir. Relativamente à minha personalidade e à sua elasticidade para se moldar às necessidades do mercado nacional e internacional, posso dizer-te que sou pura plasticina.
The Redeye:
Acabei de te dar uma folha em que está um unicórnio por colorir. Com apenas três cores terás de pintar a figura e entregar no final. Que cores escolherias? Explica-nos o que essas mesmas escolhas se traduzem no teu dia-a-dia.
Marta F.Cardoso:
É injusto. Só uma delas é que é realmente uma cor. Escolheria preto, branco e encarnado-sangue. Nas zonas onde quisesse usar branco, simplesmente não pintava, isto se a folha fosse, de facto, branca. O preto seria quase total. E usaria o encarnado-sangue para pequenos apontamentos e pormenores. São as minhas cores preferias e traduzem bastante bem a minha personalidade. Branco de felicidade, pureza, optimismo, mudança. Preto de introspecção. Encarnado-sangue de luta, emancipação, vida.
The Redeye:
És a directora do Trend me too há já 3 anos, tendo já feito colaborações com grandes nomes na indústria da moda a nível nacional. Elucida-nos com quem gostavas de realizar uma colaboração num futuro próximo e em que medida essa escolha se cruza com o teu trabalho.
Marta F.Cardoso:
Não tenho um nome, ou dois, ou três, em concreto. As colaborações ideais são aquelas de onde consegues retirar conhecimento e aprendizagem. Qualquer pessoa dinâmica, com vontade de reciprocamente ensinar e aprender, que tenha algo por explorar e que seja apaixonada por aquilo que faz torna-se numa boa colaboração. Até as más experiências acabam por ser boas. Aprendes sempre. É dessa aprendizagem que estou sempre à procura.
The Redeye:
És uma pessoa com formação e isso comprova-se ao longo desta entrevista mas veremos se és capaz de justificar esta pergunta .... O que combina mais com um vestido Dior Haute Couture: Bananas ou morangos?
Marta F.Cardoso:
Cebolas.
Obrigado Marta pela disponibilidade e já ouvi dizer que em breve teremos noticias tanto para os leitores do
trend me too como para os do The Redeye. Can't wait.
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