Moda que não é moda? || MY PERSONAL EYE

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Somos diariamente bombardeados com publicidades que nos remetem para a indústria da moda. Seja na rua com os grandes anúncios de uma Fashion Clinic prestes a abrir na Avenida dos Aliados seja numa qualquer publicidade com a campanha de verão SS14 de uma marca de bikinis como Calzedonia (em que a nossa Sara Sampaio mostra do que é feito produto português e mostra que é possível ir além das fronteiras numa indústria com fundos cada vez mais reduzidos).
 Não querendo tirar importância a todas as manifestações deste tipo de publicidade e próprio marketing empresarial, creio que existe algo que escapa sempre a um bom crítico de moda: a percepção contextual e o valor transmitido em cada peça que usamos para completar o nosso coordenado diário.
Não percamos a noção de um importância subjectiva e ao  mesmo tempo inata nas peças que escolhemos como integrantes de uma guarda-roupa bem apetrechado e tão singular como o nosso, o que nos pertence, a nossa identidade visual. Este identidade visual é naturalmente transportada pelos olhos de quem observa para um campo cultural ou mesmo identificador de determinadas características propícias e habituais nas primeiras impressões, mesmo que geradas inconscientemente.
Assim, a roupa em si não é uma escolha nossa mas uma manifestação clara e bruta daquilo que julgamos ser o nosso universo. Existem dúvidas e discrepâncias nesta minha teoria já avançada, sendo que uma delas é o facto de puder haver uma dissonância cognitiva (recorrendo a analogias à mítica psicologia social) , isto é, o espírito não corresponder ao universo material que o individuo enverga no momento consigo naquele que eu chamo "momento cartão único visual": a primeira impressão.
Não só a escolha é alvo de estudo como o próprio modo em como essa escolha se manifesta. Exemplo concreto disso será o caso entre dois indivíduos que vestem uma mesma camisa porém, manifestam tal peça de forma diferente: um deles veste a camisa e conjuga com um biker de cabedal e o outro usa a camisa à cinta com o mesmo biker.
Neste exemplo temos o exemplo mais básico da unidade do diferenciamento cultural e atribuição causal de valor  de uma única peça de vestuário. Numa primeira abordagem talvez fosse interessante ver que significado o individuo que se apresenta com a camisa à cinta atribui a tal acto e entender o porquê da sua (não tanto) exclusiva escolha e só depois comparar com o grupo de controlo que seria encarado como um processo de normalização social: a camisa com o biker.
Isto tudo para declarar que por mais  superficial que seja toda uma indústria ao redor de "perfeição", "luxo" e "poder" existe todo um infinito de conhecimentos largamente desperdiçamos no acto de avaliar o outro. A cultura não apenas se manifesta através daquilo que vestimos como nos define socialmente, mesmo que essa imagem aparente seja completamente incoerente com a realidade. A isto eu chamo "A moda que não é moda". Basicamente é tudo o que outros se esquecem de avaliar quando julgam no contexto sócio-temporal as escolhas de determinado artista que fez péssima figura na redcarpet dos Grammys ou a Coleção SS14 do Olivier Rousteing para a Balmain.
É esta a moda que nos vai permitir chegar a um estado da indústria não só de origem capitalista como também teoricamente cativante.
Que significado dou eu ás minhas Skinny jeans que por acaso só uso nos dias em que estou bem disposto? Comecemos por aí!

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